quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

[29] Prazeres proibidos

Desde o passado dia 1 que é proibido fumar em quase todos os locais. Cafés, bares, discotecas, restaurantes, centros comerciais, salas de espectáculo, locais de trabalho. Devo dizer que, sendo fumador, concordo com a proibição de se fumar em alguns locais. Por exemplo, nos restaurantes ou nos locais de trabalho. Não vou ser tão radical quanto o Miguel Sousa Tavares, que não irá a restaurantes em que lhe seja vedado o direito de fumar.

Sim, porque fumar, ao contrário do que muitos pensam, também é um direito. E que está a ser cerceado pelas autoridades nacionais e europeias, em prol do politicamente correcto.

Recordo, a propósito, um livro de crónicas da autoria do médico Eduardo Barroso, reconhecido cirurgião e sportinguista de alma e coração, intitulado “Prazeres”. Quem olha para a capa do livro, reconhece logo a imagem da marca de charutos cubanos “Cohiba”. Ao longo das crónicas, o autor disserta sobre os prazeres da vida: comer e beber bem, fumar bons charutos, as tertúlias com os amigos, os jogos de futebol do Sporting.

A propósito das proibições e do politicamente correcto, lembro-me duma dessas crónicas, que passo a descrever resumidamente.

Frequentador assíduo do restaurante Gambrinus, numa ocasião, ao entrar para jantar, foram-lhe exigidos os resultados das suas análises clínicas. Só assim poderia aceder ao restaurante. Já lá dentro, consultou a ementa e pediu o seu jantar. Foi-lhe recusado, devido aos valores elevados do colesterol. Fez outro… também não podia ser: os triglicéridos não o permitiam. Enfim, o comensal, que se delicia com o prazer de uma boa refeição, acabou por jantar (se a memória não me atraiçoa) um peixe cozido, sem sal. No final, ao puxar duma cigarrilha, foi-lhe dito que não podia fumar. E café nem vê-lo... apenas um descafeinado. Ordens do novo ministro da saúde, Engenheiro Macário Correia.

Acordou e, felizmente, isto não tinha passado dum pesadelo.

Doze anos depois, o ministro chama-se Correia de Campos e parte do pesadelo já é realidade. Ah!!! Já se fala por aí em reduções dos teores de sal na comida, entre outras ideias estapafúrdias de alguém que não tem mais nada que fazer. Espero que, daqui a doze anos, a admissão a um restaurante não seja baseada nas análises clínicas de cada um.

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